Lufada *
Hans Magnus Enzensberger
Certas palavras
leves
como pólen de álamos
sobem
levadas pelo vento
descem
raramente pegáveis
vagam longe
como pólen de álamos
certas palavas
talvez deixem
a terra porosa
lançando depois sua sombra
uma sombra sombria
quem sabe não
* Tradução de Marcos de Farias Costa, in “Não Tem Tradução – Antologia Poética Universal (Bilíngue)” – Ediculte-Sergasa – 1989 - Maceió-AL
Te espero na curva de qualquer rua *
Camillo Sbarbaro
Te espero na curva de qualquer rua,
Perdição. Te procuro nos olhos
de cada mulher que passa...
Paro nas barracas das feiras
para ver a mulher-serpente
a menina que voa...
Oh volúpia de dar tudo por nada!
de levar à custa de um cigarro
esta vida que é todo nosso bem!
Aquela que todos tiveram, que ri
fácil e não percebe, aquela que
com um sacudir de ombros e um mover de anca
dissolva todo o meu mundo interior,
aquela tão desprezível que ignora
o seu poder,
eu peço que me atravesse o caminho.
Como um mendigo que vindo
pela margem do rio, desdenhoso
joga o único vintém que possui,
por ela eu jogaria a vida sorrindo.
* Tradução de Paulo Malta, na revista Dialética – Ano 7, n. 5 – Março/2001 - Maceió-AL
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Iremar, caro amigo..Toda vez que estamos por aqui é como se o melhor de nós viesse à tona e a melodia dos poemas aqui mostrados entrasse em nossas mentes da melhor maneira. Obrigada por nos proporcionar isto! Abraços! ;-)
ResponderExcluirMichelle, querida,
ResponderExcluirToda vez que você está aqui apreciando e comentando os poemas, a emoção é como se estivéssemos na belíssima página de seus sonhos
(mas, sempre com um pé no real do dia-a-dia).
Sou grato por sua presença, que embeleza e prestigia este Bestiário.