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25 de maio de 2010

Poema para Cícero Melo

A Idade da Carne

Paulo Gustavo

Nunca tivemos nem teremos a idade do ouro.
O que temos é a idade da carne.
Pouco importa chamarmos as estrelas,
A constelação preferida, a luz remota,
Os adjetivos do cosmos.
Nossa gramática é a carne: suas pirâmides, seus desvãos,
Seus súbitos pontos finais.
Nunca teremos ouro no cofre sangrento do coração.
Nosso reino é a carne, nosso governo é a carne,
Nossa miragem é a carne, mais esplêndida
que o ouro dos séculos,
Mais florida que os jardins do Éden.
É só o que temos: a efêmera idade da carne.
É nela que atravessamos a floresta da vida
Até a clareira de nossa morte.