Total de visualizações de página

Pesquisar este blog

6 de setembro de 2016

Conheça o palmarino Iremar Marinho

Cantar cigano para Garcia Lorca


Iremar Marinho


Eu tenho um nacarado no chapéu,
luzindo no profundo azul do céu.

Luar do sono, e quando acordo,
na viola, da menina me recordo.

Eu vejo um véu de nardos no bordel,
guardo o sonho do poeta no papel.

Aura de estrelas iluminando
o bailado de meninas de aluguel.

Eu vejo dos cavalos o tropel,
as capas negras e o rufar dos tamboris.

Vejo o poeta nas entrelinhas,
beijando a morte na mirada dos fuzis.

Biografia:

Iremar Marinho de Barros
 é natural de União dos Palmares [AL], residente em Maceió. É jornalista, publicitário e advogado, graduado em 1976, pela Universidade Federal de Alagoas. Exerceu a função de editor e repórter de vários jornais e televisão.

Integrante da Coletânea Caeté do Poema Alagoano, publicada em 1987, recebeu do crítico Marçal Calmon a seguinte apreciação: 'Com extraordinário poder de síntese, dizendo muito em poucas palavras, resumindo em poemas concisos um mundo de idéias, Iremar Marinho de Barros é uma agradável surpresa que a coletânea nos revela. Todos os seus poemas impressionam pela maturidade'.

Tem vários poemas publicados na Coletânea Caeté do Poema Alagoano, na seção Mural de Poemas do jornal Extra - AL, e o poema 'No Mar de Cuba', no livro Freitas Neto - Prosa, Verso e Graça, editado pela Casa da Amizade Freitas Neto Cuba-Brasil.

É autor, pela Chama Publicidade, da mensagem da TV Gazeta de Alagoas, comemorativa aos 25 anos da Rede Globo de Televisão, exibida pela emissora em todo o país.

Foi homenageado com a Comenda Jorge de Lima, pela Prefeitura Municipal de União dos Palmares-AL. 


Veja seu blog Bestiário Alagoano


25 de agosto de 2016

Mortos, de Marcondes Costa

Revista de Poesia Alagoana: Mortos, de Marcondes Costa: Os mortos nossos mortos estão sempre dentro de nós os mortos nossos mortos nunca nos deixam a sós (Fonte: http://gazetaweb.globo.com...

23 de junho de 2016

POEMA DE CICERO MELO

MEU ÚLTIMO AMOR

Cicero Melo

Nunca houve nos caminhos da jornada
Da vida notação, me acompanhando
Estava a Morte, a última da estrada
Das mulheres que amei, me degolando.
Mas, antes de morrer, e olhando o nada
Falei: “Eu que nasci sempre te amando,
Por que deceparás o ser amado,
O que sempre te amou e irá te amando.
Agora, a morte é minha amante e amiga
Dorme sempre nos sonhos: tão querida .
Mas, ela , nunca dorme, sempre a voar
Todo dia me deixa tão sozinho...
Mas sempre volta a mim com um bom vinho
Do sangue que acabara de ceifar.

19 de junho de 2016

TATARITARITATÁ: MACEIÓ

TATARITARITATÁ: MACEIÓ: 22 ANOS DE MACEIÓ: LAGOA MUNDAÚ – Há vinte e dois anos que estou em Maceió. Por conta disso, vivo como aquela coisa que boia quando s...

20 de maio de 2016

Secult publica edital para o II Concurso de Poesia Jorge de Lima

A Secretaria de Estado da Cultura (Secult) publicou nesta segunda-feira (16), o edital para o II Concurso de Poesia Jorge de Lima no Diário Oficial do Estado (DOE).

Segundo a portaria, o projeto tem o objetivo de estimular a produção literária de poesia entre os estudantes do Ensino Médio matriculados nas escolas públicas e privadas do estado.


A publicação informa que o edital contemplará duas categorias, sendo a primeira destinada aos alunos do Ensino Médio de escolas públicas e privadas, e a segunda, aos poetas alagoanos de todas as idades, a partir dos 18 anos de idade. As inscrições começam nesta segunda-feira (16) e vão até o dia 20 de julho.

Segundo a portaria, as inscrições deverão ser encaminhadas através de envelopes pelos correios ou diretamente na sede da secretaria, localizada na Praça dos Martírios, no antigo Palácio Floriano Peixoto, s/n, localizado no centro de Maceió, no horário das 8h às 14h.

O resultado final será publicado entre os dias 18 e 24 de agosto no site da Secult  e no DOE.

De acordo com o edital, o concurso tem o objetivo de incentivar a criação artística em todas as suas formas de expressão, a pesquisa de novas linguagens, a formação e o aprimoramento da celebração popular mais defendida no país.

I Concurso de Contos Heliôna Ceres

Também foi publicado no DOE desta segunda-feira (16), o edital para o I concurso de Contos Heliônia Ceres, que tem por objetivo estimular a produção literária de contos e estabelecer um intercâmbio com escritores alagoanos.


De acordo com o edital, poderão participar do concurso escritores maiores de 18 anos. O tema para os contos é livre e deverá ser produzido em língua portuguesa. As inscrições também começam nesta segunda-feira (16) e vão até o dia 20 de julho.

As inscrições deverão ser encaminhadas através de envelopes pelos correios ou diretamente na sede da Secretaria de Estado da Cultura, de segunda a sexta-feira, exceto feriados, no horário das 8h às 14 h.

Uma Comissão Julgadora composta por no mínimo três especialistas, de reconhecido prestigio na literatura alagoana julgará os contos. O resultado final do concurso será publicado no DOE e no site da Secult entre os dias 18 e 24 de agosto.

26 de março de 2016

POEMAS DE LUIZ ALBERTO MACHADO



CARTA A MINHA CIDADE


Luiz Alberto Machado


ao meu rincão 
que soletrei sílabas de todos os tons 
deixo o meu desejo provinciano  
foi nas tuas praças que descobri a poesia  
foi na tua noite que desvendei mistérios  
foi no teu dia que morri muitas vezes 
foi no teu canavial  que deixei meu sangue  
foi no teu rio que comunguei com a vida  
dos bairros nobres ao baixo meretrício  
dos bueiros da usina aos estudos da faculdade 
da safra da cana à entressafra da razão 
da incompetência da câmara ao sucesso dos loucos 
dos desvarios comerciais aos crimes impunes  
das damas hipócritas às jovens sedutoras  
das reuniões inúteis às salas de dança 
dos cultores do passado aos artistas malucos  

me completei 
me dizimei 
e me consenti 
com certeza te deixo o meu velório  
e a paz de quem sorri.    



(Da antologia  POETAS DOS PALMARES,
organizada por Juareiz Correya,
em edição eletrônica, pela Panamérica Nordestal Editora, do Recife)




A LÁGRIMA DE NERUDA 



Meus conterrâneos, eis minha missiva: 
Estamos próximos do final do século 
Às portas de uma nova era 
Rogo, portanto, a paz 
Não difiro de nada 
Sou eu procedente do índio botocudo 
De negros escravizados e de brancos degredados de Portugal 

No peito um canto para Neftáli Reyes 
Contra os que se devoram no dia e na noite. 

No peito o meu canto com a nossa dessemelhança que é o tiro que dizimou Balmaceda fomentando nossas hostilidades.

Nosso suor ainda é vendido a preço vil 
A preço de cadáveres indígenas, negros e marginalizados. 

As mulheres, nossas irmãs, são as mesmas 
Nas favelas do Rio 
Nas callampas do Chile 
Nas jacabes do México 
Nos barrios de Caracas 
Nas barriadas de Lima 
Nas vilas miséria de Buenos Aires 
Nas catagrilles de Montevidéu 
E uma bola de cartola ainda determina o rival nos gramados de Santiago do Chile.

Meus conterrâneos, eis minhas palavras: 
A esperança ainda é o nosso amuleto na estética de Huidobro: a precisão de um armistício e de um sonho maior que o de Bolívar.


(Da antologia PRIMEIRA REUNIÃO,
Edições Bagaço - 1992)

____________________________________________________________
LUIZ ALBERTO MACHADO é palmarense, filho do poeta Rubem de Lima
Machado. Poemas publicados em jornais locais e de diversos Estados
brasileiros. Ainda muito jovem, participou dos movimentos culturais de
Palmares. 

Músico e escritor, é também autor de diversas peças e dirigiu 
grupos teatrais amadores. Participou de vários festivais de música. 
Publicou, entre outros,  os livros de poesia Para viver o personagem
do homem (1982), A intromissão do verbo (1983), Raízes e Frutos
em parceria com Rubem de Lima Machado (1985), Canção da Terra
(1987), Paixão Legendária (1991) e Primeira Reunião (1992). 
 
Publicou vários títulos de literatura infantil.  Atualmente vive em Maceió (AL),
onde dirige a Edições Nascente e edita sites literários e várias páginas virtuais.


24 de março de 2016

27 de janeiro de 2016

Poemas de Fernando Fiúza


ABRIL
Fernando Fiúza
Abril melava o chão da tarde de cajá
e um gato ronronava dentro do meu peito;
as estradas de lama – quase tudo brejo
onde as almas diziam às rãs coisas do mar.

Não se plantava nada, o mato crescia quieto
e era dono de tudo, dono até das telhas;
a chuva disputava os ares com o silêncio
e um barco de papel coloria a correnteza.

O cavalo mancava – cegos pêlo e crina
que a derradeira luz não mais os penteava -,
a roseta com sangue entre os dentes não gira;
era a vez da leitura e palavras cruzadas.

Abril jamais me foi cruel e sim molhado
- quem sabe são meus olhos, restos do naufrágio.

(De: O Vazio e a Rocha)


BRILHANTE BARATO

Fernando Fiúza

É quando uma mulher bonita passa
passa de graça na calçada em frente
muitas vezes pintada outras sem nada
muitas vezes potranca outras serpente.

É quando uma princesa vira amiga
e não lhe cobra títulos nem taras
uma mulata posa rainha
e uma operária lhe faz coisas raras.

É quando meu amor chega de surpresa
um colo de mãe quando a dor lhe parte
uma carta ridícula de amor,

Toda inutilidade que faz da arte
o luxo que sonhava a natureza
o riso de Deus em noite de horror.

(De: O Vazio e a Rocha)


O VAZIO E A ROCHA

Fernando Fiúza

O vazio esconde a rocha das tormentas:
esquenta e molha, esfrega, esfrega e come:
tem fome e sede tem ânsia e arrebenta
com cinquenta mil rochas num ciclone.

A rocha faz a guerra, fez a bomba
e à sombra do vazio, frágil, se esconde
feito um monge que reza, reza e tomba
na lona aos pés do demo que de longe

Acena as asas negras do vazio.
E um rio, também vazio, também de rocha,
desabrocha dos olhos com fastio,

De um deus vazio, também feito de rocha
que não gosta, mas fez mulher vazio
e, doentio, do pobre homem rocha.

(De: O Vazio e a Rocha)
(Transcritos do blog Antonio Miranda)