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2 de dezembro de 2010

Meus poemas

Réquiem para alma baldia

Iremar Marinho

Divina Pastora guarda
o corpo crivado d’alma
baldada surpreendida
dentro do beco baldio.

Divina Pastora vela
o corpo (saldo esquecido)
na vala da morte balda
(alma de vida evadida).

Divina Pastora guarda
o corpo sem nome d’alma
baldia (vida homônima/
baldada morte sinônima).

Divina Pastora, tende
piedade d’alma baldia
da vida tão descuidada
(baldada vida vadia).


Poema de névoas

Iremar Marinho

Ao meu pai Manoel Marinho

I

- Que divindade reúne
Miasmas desintegrados
E bóreas inomeados
Para formar nebulosas?

- Um deus desmemoriado,
Qual demiurgo deforma
O tempo para em seguida
Refazê-lo como névoa?

- O cosmo não é tecido
Como teia pela aranha,
Mas esculpido ao fogo
Soprado por mil demônios.

II

Ó homem marcado, dai
Lugar a quem, sem sinal,
Passa incólume sob o crivo
Dos detentores da morte.

Atentai ao que está mudo
(Não-falado-aquém-do-som),
Ao quase que nunca é,
Ao rumor de ventos dantes.

Atentai à flor da pedra,
À prostração do vazio,
Ao raio feito delírio,
Aos lírios ensanguentados.