Total de visualizações de página

Pesquisar este blog

10 de setembro de 2010

Melhores poemas que eu li

O Analfabeto Político

Bertolt Brecht


O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nascem a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista,
pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.


A Aurora

Federico Garcia Lorca

A aurora de Nova York tem
quatro colunas de lodo
e um furacão de negras pombas
que chacoalham as águas podres.

A aurora de Nova York geme pelas imensas escadarias
a buscar entre as arestas
nardos de angústia esboçada.

A aurora chega e ninguém a recebe na boca
porque ali não há manhã nem esperança possível.
Às vezes as moedas em enxames furiosos
traspassam e devoram bebês abandonados.

Os primeiros a sair compreendem com seus ossos
que não haverá paraíso nem amores desfolhados;
sabem que vão ao lodo de números e leis,
a brinquedos sem arte, a suores sem fruto.

A luz é sepultada por correntes e ruídos
em impudico reto de ciência sem raízes.
Pelos bairros há gentes que vacilam insones
como recém-saídas de um naufrágio de sangue.

(De “Romanceiro Gitano e Outros Poemas” -
Tradução de Oscar Mendes – Aguilar – INL - 1973)



A Aurora de Nova York
(Versão para música de Chico Buarque
de Holanda e Raimundo Fagner)


Federico Garcia Lorca

A aurora de nova York tem
Quatro colunas de lodo
E um furacão de pombas
Que explode as águas podres.

A aurora de nova York geme
Nas vastas escadarias
A buscar entre as arestas
Angústias indefinidas.

A aurora chega e ninguém em sua boca a recebe
Porque ali a esperança nem a manhã são possíveis.
E as moedas, como enxames, devoram recém-nascidos.

Os que primeiro se erguem, em seus ossos adivinham:
Não haverá paraíso nem amores desfolhados;
Só números, leis e o lodo de tanto esforço baldado.

A barulheira das ruas sepulta a luz na cidade
E as pessoas pelos bairros vão cambaleando insones
Como se houvessem saído de um naufrágio de sangue.