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7 de agosto de 2010

Poema de Antônio Botelho

Soneto da antecedência

Antônio Botelho

Meu pai era coluna enlouquecida
Procurando no céu a morte exata.
Meu pai era gravura apodrecida
Ferida a reabrir na mão do nada.
Meu pai então escuna já partida
A saudade de um mar rondando a praia
Levantava, lembrança retorcida,
Da valsa que na carne encarcerara.
Meu pai, rosa de ferro e da loucura,
Transportava em seu corpo a tenra imagem
Do outro que no peito a fera instiga.
Espada ferindo o corpo e a ternura
Corcel azul correndo pela aragem
Meu pai, vitral na morte, já cintila.

Antônio Botelho é um dos maiores poetas do Brasil, hoje. Detentor de vários prêmios e livros publicados, é o mais jovem daquilo que denomino Geração 80. É pernambucano do Recife. Procurador Federal, reside atualmente em Sergipe. (Cicero Melo)

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