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6 de julho de 2010

Poema de Roberto Piva

Jorge de Lima, panfletário do Caos

Roberto Piva

Foi no dia 31 de dezembro de 1961 que te compreendi Jorge de Lima
enquanto eu caminhava pelas praças agitadas pela melancolia presente
na minha memória devorada pelo azul eu soube decifrar
os teus jogos noturnos indisfarçável entre as flores
uníssonos em tua cabeça de prata e plantas ampliadas
como teus olhos crescem na paisagem Jorge de Lima e como tua boca
palpita nos bulevares oxidados pela névoa
uma constelação de cinza esboroa-se na contemplação inconsútil
de tua túnica
e um milhão de vagalumes trazendo estranhas tatuagens no ventre
se despedaçam contra os ninhos da Eternidade
é neste momento de fermento e agonia que te invoco grande alucinado
querido e estranho professor do Caos sabendo que teu nome deve
estar como uma talismã nos lábios de todos os meninos.


O poeta Roberto Piva morreu em São Paulo, no dia 3 de junho de 2010
aos 72 anos. Ele estava internado no Incor (Instituto do Coraçao)
desde o dia 13 de maio. A causa da morte foi falência múltipla
de órgãos em decorrência de uma insuficiência renal.
Piva nasceu em São Paulo, aos 22 anos já era poeta reconhecido.
Foi descoberto pelo editor Massao Ohno e, aos 23 anos,
publicou sua obra-prima, Paranóia (1963).
O livro se esgotou em duas semanas e hoje é artigo de luxo
entre colecionadores. Depois disso, a obra Piazzas (1980),
confirmou seu talento. Quem perdeu aquela edição,
hoje pode encontrar esse e outros livros do poeta
em uma compilação da editora Globo de três volumes.
O último deles, Estranhos Sinais de Saturno, foi lançado em 2008.
O poeta tinha a alma inquieta.
Nadou incansavelmente contra a corrente e por isso é o principal nome -
junto com seu parceiro e amigo Cláudio Willer - da poesia marginal.
Para sobreviver, ele deu aulas de filosofia e produziu shows de rock.

Do Terra

7 comentários:

  1. Acho isto maravilhoso,publicar obras que se não forem lembradas de alguma forma ,poderão cair no esquecimento,nornal eu diria,parece que o povo tá se acostumando a não ter memória....

    Parabéns pelo gesto nobre!
    Eu gosto pq estou conhecendo um pouco mais....tenho muito prá saber....muito....muito...
    Abraço
    Zil

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  2. Zil, seu comentário só demonstra que você tem muito... muito... para nos ensinar.
    Abraços

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  3. Olá amigo!
    Uma homenagem justa dos poetas sensíveis a um "Mestre" da Poesia, do pensamento, o ilustre
    Roberto Piva.
    Adorei você com tanta vastidão em escritas e em meu simples Balaio de aprendiz.
    Beijos de luz. Goretti.
    te sigo.

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  4. Iremar! Que belíssimo trabalho e, sobretdo, quanta sensiblidade na iniciativa. Sei bem o que é isso..mas paro por aqui no desabafo! Ganhastes uma seguidora eterna..Abraços!

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  5. A mídia fala em Bruno
    Eliza e gravidez
    Flamengo, orgia e fumo
    -esta é a bola da vez!-
    Tem muito 'especialista'
    Em busca de alguma pista
    Pra ser o herói do mês

    E a história se repetindo
    Mudando apenas o nome
    Outra mulher sucumbindo
    Sob ameaça dum homem
    Uma vida abreviada
    Cuja morte anunciada
    A estatística consome
    (...)

    Leia mais em www.cordelirando.blogspot.com

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  6. Meu primeiro contato com Piva foi em 2oo8, quando degustei sua obra Invenção de Orfeu. Coisa maravilhosa!!!
    Fiquei emocionada com teu gesto por este autor tão nobre e tão pouco reconhecido por muitos.
    Parabéns pelo ato!

    Axé!

    http://diario-porto-solidao.blogspot.com/

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  7. Amiga,
    Piva e Jorge de Lima são mesmo dois ícones da poesia brasileira, que também são exemplos para os novos poetas.
    Agradeço sua visita e seu comentário.
    Parabéns pelo seu belíssimo blog.

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