As Flores do Mal
Spleen e Ideal
II - O Albatroz
Charles Baudelaire
Às vezes, por folgar, os homens da equipagem
Pegam de um albatroz, enorme ave do mar,
Que segue - companheiro indolente de viagem -
O navio no abismo amargo a deslizar.
E por sobre o convés, mal estendido apenas,
O imperador do azul, canhestro e envergonhado,
Asas que enchem de dó, grandes e de alvas penas,
Eis que deixa arrastar como remos ao lado.
O alado viajor tomba como num limbo!
Hoje é cômico e feio, ontem tanto agradava!
Um ao seu bico leva o irritante cachimbo,
Outro imita a coxear o enfermo que voava!
O Poeta é semelhante ao príncipe do céu
Que do arqueiro se ri e da tormenta no ar;
Exilado na terra e em meio do escarcéu,
As asas de gigante impedem-no de andar.
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Belíssimo texto!
ResponderExcluirBeijo e boa quarta, meu amigo!
Que excelente escolha fizeste, Iremar!
ResponderExcluirNão tenho certeza se o poeta é impedido de andar.
Sei apenas que seu sonho também me faz sonhar e buscar outras realidades!
As tuas escolhas são muito boas. Parabéns!
Um grande abraço
Queridas Essência e Cirandeira,
ResponderExcluirAgradeço pelas visitas e comentários
aos poemas.
Que os poetas, asas perdidas,
não tenham o destino do Albatroz
de Baudelaire.
Abraços pra vocês.
Iremar