Mundaú (a Lagoa)
Jorge Cooper
Ontem
deu-me de rever a Mundaú
O sol ainda era a metade
no outro lado do mundo
e já nos galhos do mangue
às centenas posava de sangue-de-boi
o aratu
- Mas por lá não vi as canoas
nas coroas de sururu
É que a Mundaú imerge
torna-se quimera
pântano
lamarão da lagoa que era
- Nem sequer continua a ser
o poema à miséria
Lágrima seca nos olhos do povo
esperança enganada
- a Mundaú se faz chão
Mais nada
"Jorge Cooper, pela sua poesia sem arremedos provincianos, destituída de ranços acadêmicos, situa-se no limite entre os “Metaphisical poets” e o lirismo cavalheiresco e palaciano da poesia trovadoresca dos Minnesanger alemães da Idade Média. Isto tudo com pitadas dos goliardos, “poemas proletários”, pois Cooper, em momento algum, sacraliza a oralidade burguesa." (Marcos de Farias Costa – “Jorge Cooper: o Minnesanger Alagoano” – Artigo publicado no Jornal de Alagoas, em 21 de abril de 1987.
"Lágrima seca nos olhos do povo
ResponderExcluiresperança enganada
- a Mundaú se faz chão
Mais nada"
Belo... me fez lembrar Avalon.
ResponderExcluirUma beleza levando a outra beleza... Que belo, isto, hein, Ana!
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