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14 de março de 2010

Meus poemas

Réquiem para alma baldia

Iremar Marinho

Divina Pastora guarda
o corpo crivado d’alma
baldada surpreendida
dentro do beco baldio.

Divina Pastora vela
o corpo (saldo esquecido)
na vala da morte balda
(alma de vida evadida).

Divina Pastora guarda
o corpo sem nome d’alma
baldia (vida homônima/
baldada morte sinônima).

Divina Pastora, tende
piedade d’alma baldia
da vida tão descuidada
(baldada vida vadia).


Discurso das pedras

Iremar Marinho

As pedras livres discursam
o seu sermão de dureza:

parábolas de impenetrável
compreensão - uma retórica
de silêncio assustador

As pedras brutas comandam
a mudez do mundo imóvel

(Estão) estáticas e ferem
com o seu verbo profano


Mars Sojourner ou Embolada Sideral

Iremar Marinho

(Para ser lida ou recitada ao som de
“Liz”, do violonista Marco Pereira)


Pé no tempo
pé na estrada
pé na rota das estrelas
pé na poeira do tempo
pé no rastro dos cometas

REFRÃO CORAL

Conluio de meteoros
abraço de girassóis
aconchego de anos-luz

JOGRAL 1
(HALE-BOPP)


Um catafalco de bólidos
para um funeral de luas

JOGRAL 2
(14 BIS)


Nem deuses nem fantasias
Mero homem (oh! quimeras)
feito máquina de avoar

REFRÃO CORAL

Conluio de meteoros,
abraço de girassóis,
aconchego de anos-luz.

4 comentários:

  1. Bela mostra, Iremar.
    gostei por demais da primeira.
    Abraços e boa semana, poeta.

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  2. Como vai, Iremar?
    Sempre me vem à lembrança as emboladas do nosso saudoso Manezinho Araújo e agora, lendo essas maravilhas que nos trazes, sinto que nada está perdido. Que homens como você não vão deixar nossa Arte se apagar.
    Concordo contigo, aqueles versos do Chico são tocantes.
    Uma semana bem gostosa sob o sol e as palmeiras da nossa linda Alagoas!!!Bjsss

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  3. O Discurso das pedras traz muito a ser refletido. Mto bom!
    abraços

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  4. Queridas Mai, Vanuza (conterrânea) e Paula,

    Envio nossas saudações alagoanas, com muita chuva por aqui, agora. Agradeço a vocês pelo gostar dos meus poemas.
    A Vanuza: agora também a embolada alcança as estrelas,não é?!

    Abraços,

    Iremar

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