Soneto da Viagem
Carlos Moliterno
Sobre as ondas, afoito, direcionou a quilha
e abriu, venturoso, as velas do veleiro,
que longe havia, além da fantasia, a Ilha
que nele incendiava o astuto timoneiro.
Foi que era Sol na hora da viagem,
pois o poeta, sempre irmão da claridade,
nutria-se, astuto, da luz e da miragem
com as quais teceu a sua eternidade.
Nem tanto o inquietava a hora de chegar:
Antegozava, sim, a vertigem da viagem,
que viver também lhe era parar de navegar,
num dia de tempestade, ou numa noite de luar.
Daí, ter avistado na Ilha uma paragem:
se o continente o entediasse. E precisasse amar!
CARLOS MOLITERNO poeta, jornalista, crítico literário, foi presidente da Academia Alagoana de Letras por seis mandatos consecutivos, autor dos livros Desencontro, Notas Sobre Poesia Moderna em Alagoas e do festejado A Ilha, considerado um clássico da poesia alagoana. Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, autor da letra do Hino de Maceió, faleceu no dia 19 de maio de 1998, aos 86 anos.
(Post original JAC VERSO&REVERSO http://jac-versoreverso.blogspot.com)
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Iremar, parabens pelo excelente conteudo do seu blog. Muito bom mesmo esse seu jeito de mostrar as coisas boas do Nordeste.
ResponderExcluirAbraço
Amigo J. Araújo, agradeço a você pelo reconhecimento ao conteúdo deste Bestiário.
ResponderExcluirServe como incentivo para que continuemos a busca da poesia, pois, através dela, também podemos contribuir para mostrar Alagoas e o Nordeste ao país.
Abraços
Iremar, meu ilustre conterrâneo!
ResponderExcluirTe avistei na Cirandeira e vim correndo pra cá. Fiquei doidinha de felicidade e vou ter o maior prazer de te seguir e visitar sempre que possível.
Água Branca - Pariconha me viu nascer, conhece?
Prazer enorme!Bjs
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ResponderExcluirUm belo soneto! Obrigada, pela partilha, Iremar...Gostei daqui e voltarei mais vezes.
Beijos de luz1
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"...que viver também era para navegar..."
ResponderExcluirIremar, amável conterrâneo, que bons ventos o trouxe ao nosso espaço. Estou feliz, estou honrada. Pariconha e Água Branca, por lá nasci e saí criança. Voltei adolescente e, na maturidade, hei de lá retornar.
Receba um abraço bem alagoano!!!
Sua amiga e admiradora,
Vanuza
Na emoção, tropecei na concordância:
ResponderExcluir"...que bons ventos os trouxeram..."
Talvez seja para lhe deixar mais um bocado do nosso afeto!
Boa noite, Iremar! Vim aqui conhecer seu espaço e retribuir a visita em meu blog. Fiquei feliz em encontrar alguém do Nordeste por lá. Eu amo de paixão seu Estado, seu povo, sua cultura. Fui visitar Salvador e Aracaju ha uns dois anos atrás, mas ainda quero conhecer mais o interior do seu Estado. Admiro muito a religiosidade de vocês,a alegria e a humildade.
ResponderExcluirVolarei aqui mais vezes para conhecer mais poetas nordestinos, com certeza!
Abraços e uma ótima semana!
Bom dia, Drika!
ResponderExcluirQue amável você ao expressar seu amor/paixão por nossa querida Alagoas, e com tanta generosidade a nos causar tão agradáveis emoções!
Você será sempre bem-vinda a Alagoas!
Volte sempre a este Bestiário. Vamos nos seguir!
Abraços para você!
Poesia na madrugada...
ResponderExcluirPassei para te reler e rever essa Ilha.
Beijos!!!
Ào teu poema da Pedra.
ResponderExcluirAs pedras são só pedras
de multiplas cores
Duras ou mais macias.
Há quem as pise, como pisa as flores.
Há pedras moldadas
de portas de escadas.
São o chão que pisamos
A estátua da praça
Figuras de altar
e numa (a) tem graça
Eu vou-me sentar.
Um abraço - Arfer
(a) banco do jardim.
Amigo Poeta, Que belo poema das Pedras você faz para reverenciar o meu discurso sobre a mudez do concreto. E que boa serventia você faz: sentar numa delas.
ResponderExcluirAbraços,
Iremar
Quero crer
ResponderExcluirque nosso querido poeta
irmão da claridade
tenha saltado jubiloso
e feliz do seu veleiro
no porto da verdade
e da harmonia...
A Verdade Nua e Crua-Por Marinho do Nordeste:
ResponderExcluirUm sábio encontrou-se com uma mulher esfarrapada, de aspecto hororoso, triste, chorosa, e perguntou-lhe:
Por que estás assim? Quem és?
A mulher respondeu:
Eu sou a Verdade
Em todo lugar que chego
sou mal recebida
sou rejeitada
ninguém quer saber de mim!
O sábio respondeu:
Então a senhora vista uma roupa bonita
calce sapatos da última moda
seja elegante!
A mulher que andava
triste e desprezada disse:
Vou fazer isto para ver o que acontece
E comprou um vestido
muito caro
muito fino
de contornos belíssimos
Colocou joias preciosas
vestiu sapatos brilhantes
e saiu pelas mesmas ruas
E em todos os lugares que passava
as pessoas lhe prestavam reverência
ofereciam-lhe conforto e bem-estar
A mulher voltou ao sábio e disse-lhe:
Agora todos me aceitam
todos me dão valor
por causa
da minha aparência
do meu vestido
das minhas joias
dos meus sapatos!
O sábio então lhe respondeu:
As pessoas preferem ocultar
a face da verdade
Preferem a verdade
travestida de meio-termo
porque,senhora,
ninguém gosta da verdade
nua e crua!
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