Iremar Marinho
Para Tomás Antônio Gonzaga e José Paulo Paes
No Pacífico chileno, lembro-me
e velejo naus que me guiam
a Pindorama vista desde as caravelas.
Eu era um rosto na armada
(Cabral não sabia
que as Índias de Pindorama
tinham a minha cara).
A Nau Capitânia vai
descobrir o que existe
(Europasiáfrica está nas cartas).
Outro mundo descobri,
quando Pindorama me resgatou
(não estava no Gênesis e no Corão).
Disperso-me? São os ventos do oeste.
Eu não estava no mapa
nem na capa das Metamorfoses.
Ovídio me ignorou e Pérdix,
quando me viu, não cantou
para mostrar sua alegria.
Os canaviais que ainda vão crescer
esmagam a minha esperança
de salvar as matas de Jatiúca.
Agora, sob as estrelas de Cão,
a calmaria me conduz
ao cabeço da praia (terra à vista).
Meu sangue diz que em Pindorama
ferve o mesmo sangue meu
de antigas guerras e degredos.
Na Serra da Naceia
(o porto depois da calmaria),
meu rosto ficou, quando a armada
singrou a rota tupiniquim.
Entre os Caetés, não vislumbro
a destruição que ainda alcançaria,
com os moinhos da Holanda,
a barriga negra engravidada
pelo discurso de Platão.
(Tupã, deus como Júpiter,
não está na mitologia)
Netuno e Minerva não sabem
de Jaci e de Coaraci
nem da mitologia de Zâmbi
que Jorge de Lima arremessa
dos ancoradouros do Muquém e do Amolar.
Ovídio não saberia (nem Prometeu)
que Pindorama criaria outra mitologia
(o Mundaú, de olho cego,
não é o mais limpo dos rios).
O Paraíba do Meio, com olho cego
de Manguaba, não tem,
como o Paraibuna, a reverência
de Murilo Mendes ao Guadalete.
(Disperso-me nas calmarias)
Cabral não sabe que as Índias
estão na minha tribo Caeté,
e começaria ali a destruição
das crenças mitológicas.
Ovídio Nasão nem desconfia
(“tudo o que escrevia era verso”).
O libertino assoma ao Fórum,
mas seus dotes de advogado
não servem para defender
meus Caetés do holocausto.
Pindorama (pé-de-página da carta de navegação)
é anotação aleatória na viagem da armada ao Oriente.
O Cabo das Tormentas (Cabo Não
de todos os transes) preocupa
mais que as perdidas perdizes
(as minhas naus desgarradas).
Cabral quer o Oriente longínquo
(está no mapa, não há dúvidas),
mas não transpõe as tormentas.
As caravelas desabam
em Pindorama das Índias.
Eu alcançaria o Oriente,
se minha nau dispersa rompesse
a calmaria dos abrolhos de Jatiúca.
Agora em Santiago (18 de março de 2000),
minha carta começa e não terá fim.
A vida cumpre a metamorfose mítica
de Públio Ovídio Nasão.
Prometeu leva, pela 2.001ª vez,
sua pedra morro acima.
*Publicado na seção Mural de Poemas do jornal Extra Alagoas (nº 240), de 5 de outubro de 2003
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Olá meu caro!
ResponderExcluirconhecendo teu espaço, tua poesia,
impressionado, realmente impressionado.
parabéns a ti tanto pela
qualidade poética, quanto pela
beleza do espaço.
Abraço forte e bom final de semana!
daufen bach.
Meu caro daufen bach,
ResponderExcluirAgradeço-te pelo acompanhamento
e apreciação sobre minha poesia.
Sobretudo pela tua generosidade.
Abraços poéticos para ti.
Iremar Marinho
AMIGO POETA IREMAR
ResponderExcluirAGRADEÇO A ATENÇAO EM VISITAR MEU BLOG
GRANDE ABRAÇO
Te agradeço por teu carinho..Abraços
ResponderExcluiraou deitar a tarde sinto
ResponderExcluirque contigo ,leva um trecho de mem,
e nas estrada longa e infinita da vida;
a velhice da noite suprime meu coração esalando-me a alma.
o quanto de mem! injusto e a rogante es tua bravura que corrumpe-me o sossego!!
Da qui,mem espiro do aaoji, do monte,
ResponderExcluirDo vento frio e sonoro,
Da qui mem condeno,a morte e o sufoco,
HÁ ESSE INFERNO DE AMAR como eu amo.
E ao desmaio da taça? quem te cossola-ras;
Se ao teu peito ador alastar?
Amor meu darei-te achama da utima esperança
Que ali não mais esitiras! chamaras por mem ñ mais te ovirei traindo-me beberei o veneno q ati matei!!!
te adimiro muito
ResponderExcluirOlá, Natinha,
ResponderExcluirQue bela visita e apreciações.
Sinto-me envaidecido.
Nossa admiração então é mútua!
sigamo-nos!